DESTAQUE DO MÊS DE FEVEREIRO DE 2025

A GUERRA NA UCRÂNIA
Estimado leitor: ao apresentar-vos o destaque do mês de Fevereiro, não posso deixar de reiterar, que não sou um especialista em política internacional! As minhas opiniões consubstanciam-se na perceção analítica dos acontecimentos, comum a qualquer cidadão. Os factos apresentados têm por base alguma investigação e a captação de informações em fontes, que reputo de credíveis.


TRÊS ANOS DE MASSACRE E DE RESISTÊNCIA: completou-se no passado 24 de fevereiro, três anos sobre a invasão da Ucrânia – país soberano – pela Rússia do autocrata, Vladimir Putin. Reitero e enfatizo o que opinei e como caracterizei protagonistas, em diversos artigos, e acrescento: surpreendentemente, ou talvez não, o também autocrata, Donald Trump, passou a alinhar com a Rússia contra a Ucrânia, “seguindo ordens” de Putin, presumivelmente devido a ligações espúrias entre ambos e que o “compromete”. Segundo Clara Ferreira Alves, colunista do jornal Expresso: “Trump tinha vendido uma propriedade em Palm Springs que tinha comprado por 45 milhões a um “cavalheiro” russo chamado Dimitri Ryboloviev por 95 milhões. Ryboloviev é um aliado próximo de Putin, e apareceu recentemente na delegação russa que chegou às conversações sobre a Ucrânia na Arábia Saudita!… O dinheiro russo foi sempre generoso com Trump e quando ficou arruinado com o casino Atlantic City e nenhum banco lhe concedia crédito, as máfias russas, convertidas em empresas multinacionais vieram em socorro. Compraram vários andares na Trump Tower, pináculo do império imobiliário. Segundo Unger, a máfia russa, com a KGB por trás, lavava dinheiro através das propriedades de Trump… Os negócios continuaram em Atlantic City e na Florida… Quem investiga estas ligações perigosas pode acabar morto na valeta”.
Com este indecoroso alinhamento dos EUA, Putin sente-se “legitimado” para impor, na mesa das negociações, as suas condições:
a) a Ucrânia tem de abdicar de todos os territórios ocupados;
b) a Ucrânia deve renunciar definitivamente à integração na NATO.
À partida, a posição do Kremlin inviabiliza qualquer acordo justo e duradouro para a Ucrânia. Entretanto, Trump já fez saber que vai suspender o envio de armamento, a não ser que, obtenha contrapartidas – sua visão transacional – através da concessão da exploração dos minérios das terras raras ucranianas, em negociações, que presumo, altamente favoráveis para os EUA (unilateralidade). Como vai resolver o problema com o Kremlin, ninguém sabe! Entretanto, diminui a sua dependência da China. Enfim… antevejo contudo, que o objetivo último, será o de “dividirem” o território ucraniano pelas duas potências (território “conquistado” para a Rússia; exploração de minérios para os EUA) – à semelhança do que fizeram com a Alemanha, dividindo-a – RDA – Bloco Soviético, parte oriental e RFA – Aliados, parte ocidental -, no final da II Guerra Mundial -.
Achincalhou o presidente, Volodymyr Zelensky da Ucrânia, apelidando-o de ditador e usurpador, porque, segundo ele, está “ilegitimamente no poder” (diz Trump que, Zelensky tem apenas 4% de apoiantes ???) veiculando a retórica mentirosa difundida de forma insidiosa pelo Kremlin. Desmentiu, mais tarde, de forma ignominiosa! E assim, no seu jeito cretino e arrogante, Donald Trump, veio “exigir” eleições na Ucrânia, mesmo em tempo de guerra (em lei marcial e a constituição ucraniana não permite). No dia 28 de Fevereiro, na Casa Branca, o presidente Zelensky, foi novamente humilhado e ofendido pelo presidente Trump e pelo seu correligionário, vice-presidente Vance. Trump afirmou entretanto, que a UE foi criada para “tramar” os EUA e ostraciza a Europa, não legitimando a sua participação nas negociações de paz, aproveitando-se de uma Europa, que não passa de uma mera junção de estados, órfã de estadistas e de uma liderança forte. A União Europeia (EU) possui instituições de defesa, a saber: Agência Europeia de Defesa (AED) criada em 2004 composta pelos 27 Estados-Membros, com sede em Bruxelas e com 180 efetivos; EU – Segurança e Defesa e ainda o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP) criado em 22 março de 2021. Não se conhece, da parte destes organismos, qualquer posição proativa ou reação construtiva face à invasão russa e à própria segurança da Europa, a não ser, a ajuda financeira e o pontual suporte em material bélico à Ucrânia, de alguns países europeus. É absolutamente necessário que a Europa fale em uníssono e exija a sua efetiva participação nas negociações quadripartidas – EUA, RÚSSIA, UCRÂNIA e EUROPA – e não, como até agora, representantes das principais potências Europeias, assumirem de forma individualizada e desgarrada posições que deveriam ser comuns e, que indiciariam uma união forte, credível e bastante para negociar a paz na Ucrânia e, concomitantemente, a segurança da Europa, que deve definitivamente investir em si própria, fortalecendo as alianças com outros países da NATO, esquecendo o aliado, agora desinteressado, EUA -. Há muito, que penso e, já escrevi, que uma Europa Unida (Federação de Estados?) se transformaria na maior potência mundial! Será desta, que vamos ter uma liderança europeia forte? Não me escandalizaria a formação de Forças Armadas Europeias, preconizada pelo presidente francês, Macron, visando a dissuasão e a segurança do Continente Europeu.
Epílogo: preocupa-me sobremaneira o retorno ao comunismo soviético, eivado de poder, reforçado pelo apoio americano e pela fraqueza dos líderes europeus. Em caso de vitória da Rússia, avizinham-se tempos de tirania (imposição pela força – prenúncio da III Guerra Mundial?) tão aviltante e cruel como contrária aos valores da decência e da vivência democrática dos europeus? Está lançado o repto à reflexão dos estimados leitores!
Augusto Moita
Escrito no Dia Internacional da Mulher para o jornal Correio do Cartaxo, 8 de Março de 2025.