
A INSUSTENTÁVEL RADICALIZAÇÃO DAS GUERRAS!
Estimado leitor: a saga confrontacional inter-estados (estados soberanos) e intra-estados (guerras
civis) persistem, numa radicalização cada vez mais perigosa e insustentável para a humanidade. As
guerras, que dizimam vidas humanas e, que provocam o caos nas sociedades e nas economias, geram,
durante e após, graves e tumultuosas crises sociais, não só nos países beligerantes, mas também, a
nível global, decorrente da instabilidade e imprevisibilidade dos mercados, face ao prolongar dos
conflitos, porquanto inflacionam os preços das matérias-primas, com consequências imprevisíveis para
as economias à escala global, ao mesmo tempo, que potenciam o surgimento de movimentos
extremistas, que colocam em causa as democracias, os seus valores e o estado social. Já em crónicas
anteriores opinei, que a guerra miserável e assassina levada a cabo pela Federação Russa (FR) ao
invadir um país soberano, a Ucrânia, só terá fim, com a implosão do regime vigente na FR, através
de uma revolta popular que deponha o déspota, Putin – pouco provável, dado o controlo dos meios
de comunicação, da repressão exercida sobre os cidadãos “opositores” ou simplesmente críticos da
guerra e, da propaganda despudoradamente mentirosa e manipuladora do Kremlin – ou, através da
depauperação ou exaustão da sua economia – pelo enorme esforço de guerra, que a conduza à
bancarrota – provável a médio prazo -, não obstante as “ajudas” dos seus demoníacos parceiros, China,
Índia (compradores de petróleo) e Coreia do Norte (fornecedor de material bélico e de “carne para
canhão” leia-se, infelizes soldados). Até lá, e sobre o beneplácito do outro autocrata, Donald Trump,
presidente dos EUA, a guerra de destruição da Ucrânia, persistirá! Que interesses subliminares, terão
existido entre os dois ditadores, para Trump ter bombardeado as instalações nucleares do Irão, país
parceiro da FR e, fornecedor de material bélico (drones), sem que a mesma tenha repudiado
veementemente ou esboçado uma qualquer reação impositiva? Que maquiavélicas intenções
perpetraram os ditadores? Tratou-se, simplesmente, de uma manifesta incapacidade da FR em apoiar o
seu parceiro, Irão (estado teocrático, desestabilizador do Médio Oriente e apoiante de grupos terroristas)
ou, a sua inação, ficou a dever-se a uma troca de favores, isto é, a cessação do apoio em material
militar de defesa, dos EUA à Ucrânia? – É a questão que deixo à consideração do estimado leitor!
Contudo, relembro o que escrevi, há algum tempo, sobre as relações transacionais entre os dois tiranos,
e como manifestam publicamente e sem inibição, simpatia e admiração pessoal. Dois autocratas que se
aproveitam das virtudes das democracias (na FR, pseudo-democracia, por eleições manipuladas) para,
IMPOREM PELA FORÇA, PELA REPRESSÃO E PELA OSTRACIZAÇÃO, A MANUTENÇÃO DO SEU
PODER AUTOCRÁTICO! Vladimir Putin, apesar de “dizer-se preparado” para encetar novas
negociações com vista ao cessar-fogo, incentivado, talvez, por ter sido alertado para o estado
“comatoso” da economia no seu país, dadas as sanções aplicadas pelos países ocidentais, que
devem manter-se, e até intensificar-se e com presumível apoio dos EUA. O suporte dos países
parceiros pode revelar-se insuficiente, face às necessidades de “alimentar” a colossal máquina de
guerra russa. Contudo, Putin, nunca irá abdicar das suas linhas vermelhas, isto é, a anexação dos
territórios ocupados ou semi-ocupados e já consignados – à revelia dos tratados internacionais – na
Constituição da Federação Russa, e a tentativa de “russificação” forçada do povo ucraniano através da
desmoralização por exaustão emocional (ataques massivos a infraestruturas civis). Como justificaria
Putin, a enorme perda de vidas humanas (força de trabalho), o incomensurável esforço de guerra e a
constante perda de material bélico altamente valioso, preditores da depauperada economia russa? No
lado oposto, Volodymyr Zelensky, de forma natural, patriótica e legítima, não abdica da integralidade do
seu território, podendo eventualmente deixar cair a adesão à NATO, para permitir uma abertura
conducente às negociações para o cessar-fogo. Negociar, pressupõe que as partes conflituantes cedam
em alguns itens constantes da proposta inicial para consensualizarem uma proposta final, que satisfaça
ambas as partes e, não fazer “finca-pé” em posições irredutíveis, com o objetivo de perpetuar a guerra,
como é notório ser o propósito de Putin. Seja como for, a FR sob a liderança de Putin, JÁ PERDEU
ESTA GUERRA, porque a intelligentsia – pensadores e intelectuais russos que aconselham Putin – e ele
próprio, revelaram-se incompetentes na avaliação das consequências deste bárbaro ataque, porque (1)
Fortaleceram e expandiram a NATO (organização defensiva), que se encontrava moribunda e, que não
constituía qualquer ameaça para a FR, ao contrário do que retoricamente continuam a apregoar; (2)
Subestimaram a capacidade de resiliência e o patriotismo do povo ucraniano, que não é neonazi
(retórica patética); (3) Fortalecerão a Europa a curto prazo, que se tornará na maior potência bélica do
planeta, sem a ajuda dos EUA (europeização da NATO), capaz de se opor a qualquer diatribe oriunda
da FR (estupidez visionária); (4) Menosprezaram e menosprezam a perda de vidas humanas (hedionda
desumanidade); (5) Provocaram o isolacionismo da Federação Russa com efeitos nefastos na sua
economia e na sua credibilidade, com naturais reflexos no quadro geoestratégico (falta de visão
geopolítica). A China aguarda, pacientemente, a queda da Federação Russa, para se assumir
como potência geoestratégica dominante!
A FEDERAÇÃO RUSSA, O MAIOR PAÍS DO MUNDO, QUE PODERIA SER O FAROL DA
HUMANIDADE, TRANSFORMOU-SE EM UM ESTADO TERRORISTA, E EM CONSEQUÊNCIA, UM
ESTADO PÁRIA, DESCREDIBILIZADO, DESRESPEITADO E OSTRACIZADO PELO RESTO DO
MUNDO!
Entretanto, no Médio Oriente, a saga da guerra histórica inter-religiosa, Israel – judaísmo – com o
protagonista, Benjamin Netanyahu – o “exterminador implacável” – e Palestina – islamismo – através do
movimento terrorista Hamas, continua em um quadro que configuro de genocídio (ato intencional de
destruir, no todo ou em parte, um grupo étnico religioso) do martirizado povo palestiniano: 26.500
palestinianos, maioria crianças e mulheres, mortos em ataques israelitas, mesmo quando procuram
alimento. IGNÓBIL! Por muitas razões, que assistam e assistem a Israel, na defesa da sua existência, a
desproporcionalidade dos meios e das suas ações bélicas, condenam internacionalmente Israel e
conduzem à sua abominação! Defendo a criação de dois estados, visando a pacificação daquela
zona do Médio Oriente: Israel – no território já existente, sem expansionismos (colonatos) – e a
Palestina – constituída pela Cisjordânia e a Faixa de Gaza! –
AUGUSTO MOITA
Crónica, escrita para o Correio do Cartaxo, em 4 de Julho de 2025