
OPINIÃO
NOTA INTRODUTÓRIA: Estimado leitor. Para esta edição de setembro do vosso jornal, não escrevi qualquer artigo de opinião ou crónica social, porque infelizmente vivenciei um infausto e cruel acontecimento; o falecimento do meu filho primogénito! Assim, partilho convosco um poema que, traduz o sofrimento de um pai perante a morte de um filho!
REVOLTA, SOFRIMENTO E SAUDADE!
Solto as amarras do desespero;
solto o grito da REVOLTA perante o inimaginável;
reclamo a descrença, esconjurando Deus, o omnipotente,
denegado que foi nosso “perene juramento”,
ao arrancares me um pedaço, que era só meu, não Teu;
carne da minha carne, sangue do meu sangue;
meu primogénito, meu orgulho, meu superlativo amor!
Supliquei-te, vezes sem conta, que daria a vida pelos meus filhos.
Incumpriste! Jamais perdoarei a cruel injustiça que lhe fizeste.
Amaldiçoo aquela fatídica e demoníaca manhã de 7 de agosto
que mortificou para sempre a minha vida;
doravante mergulhada numa pungente tristeza
e num SOFRIMENTO que me consome;
que espero breve, porque já ancião, a vida agora será fugaz.
E, no Além, Ruizinho (amigo número um), teremos ainda muito para falar,
do tanto que ficou por dizer, que sei, para me “poupares.” Entrementes,
enleva me os sentidos; tua voz, teu cheiro e aquele derradeiro longo e apertado abraço,
e pacifico minha dor folheando o álbum de recordações
e “cuidando” dos sobrevivos: tua mãe, irmão (o outro amigo número um) e netos!
Emudeçam-se para sempre as vozes do infortúnio, porque quero estar a sós
nesta avassaladora SAUDADE, “murmurando no teu ouvido,” querido filho:
TE AMO, AMEI E AMAREI ATÉ MORRER!
AUGUSTO MOITA
14 de agosto de 2023