Read Time:4 Minute, 21 Second
Por Augusto Moita
INQUIETUDES MARGINAIS!
Inicio nesta edição um ‘ciclo repositório’ de excertos de artigos escritos há alguns anos, mas de indubitável pertinência e indiscutível a-propósito. Interpoladamente, entre novos artigos, vou partilhando com os estimados leitores, as minhas inquietudes que, reconheço, são ‘marginais’.
Nesta primeira edição de ‘Inquietudes marginais’ partilho excertos de dois artigos que marcam de forma indelével o meu ‘pensamento’ sobre incongruências desta vida.
- HUMILDADE VS. JACTÂNCIA: (Transcrição); […] A humildade é um bem quando é parte integrante e verdadeira dos traços de personalidade de um indivíduo (observáveis na constância das suas atitudes e comportamentos); a humildade é um mal quando pretende exclusivamente suscitar a comiseração dos outros; já a jactância (arrogância, vaidade, altivez e bazófia), é abominável pelo que encerra de desrespeito, de desumanização, de conflitualidade pessoal e social e, sobretudo, pelo ridículo de quem a personifica. Como afirmou Immanuel Kant (filósofo alemão), “a humildade é a virtude central da vida, que dá uma perspetiva apropriada da moral”. Contudo, caro leitor, penso que, não devemos confundir, humildade com idiotice ou incapacidade cognitiva, pelo contrário, é apanágio de pessoas inteligentes. Contudo, há que reconhecê-lo, alguns humildes inteligentes sofrem de uma ‘psicose atrofiadora’ que Fernando Pessoa magistralmente expressa num sintagma do seu “Livro do Desassossego”: “sou capaz, a sós comigo, de idear quantos ditos de espírito, respostas rápidas ao que ninguém disse, fulgurações de uma sociabilidade inteligente com pessoa nenhuma; mas tudo isso se me some se estou perante outrem físico, perco a inteligência, deixo de poder dizer, e ao fim de uns quartos de hora, sinto apenas sono”. …. O autoconhecimento leva-me, em algumas situações, a rever-me neste pensamento de Fernando Pessoa, quando perante a estupidez, a ignorância, a maledicência, a arrogância intelectual – exemplo: o sabichão – e a prepotência, me induzem no “reflexo condicionado”, que se manifesta no binómio estímulo/reação e que, face à perceção do estímulo exterior (as atitudes ou comportamentos dos outros, como acima refiro), fico impassível e sem capacidade de resposta na ‘ponta da língua’. Por outro lado, cultivo a discrição como forma de estar na vida! Mas… não confundamos esperteza com inteligência!
- PARTIDOS (A)PO(CA)LÍTICOS: (Transcrição); Partidos (a)políticos. […] Tal como no passado, os partidos políticos persistem em não promover/potenciar o livre exercício das consciências/opiniões, tornando-se maquiavélicas máquinas de exaltação e exacerbação de paixões coletivas, como se de clubes de futebol se tratasse. O seu objetivo primário e “irracional” é formatar a idiossincrasia do indivíduo, para que este deixe de pensar pela sua própria cabeça, coartando assim, as suas capacidades analítica e crítica face à realidade política percecionada, e com isso remetê-lo ao redutor posicionamento de ser a favor, ou ser contra. Em consequência, penso que, a “má influência” dos partidos políticos acaba por de uma forma de retórica subtil e imoral, por falaciosa e demagógica, mas que se tem revelado eficaz, contaminar o “raciocínio coletivo”, com nefastas consequências para o bem comum, dotando os cidadãos de pensamento inócuo e levando-os a uma atitude laxista e inoperante e, “potenciando a imbecilidade” (e.g.: campanhas eleitorais); relativizando assim, a própria cidadania, para melhor continuarem a “exercer o poder”. […] Contudo, penso ser ainda possível, inverter o que se transformou numa “boçalidade coletiva”, sendo que, é premente a assunção de uma responsabilização de todos, e de cada um de nós, nomeadamente dos políticos, independentemente do “papel” de cada um na sociedade! Os partidos políticos são indispensáveis em democracia, precisamos é de melhores políticos! (Aditamento); Por consequência, caro cidadão eleitor, seja exigente na escolha dos cidadãos-candidatos, nomeadamente, aos do poder local, (eleições no próximo mês). Escrutine se reúnem os perfis adequados (idoneidade, competências técnicas e qualificações académicas) para as funções ou se são meros “paraquedistas” que, não conseguindo outras ocupações profissionais, ‘abraçam a política’. Analise, crítica e sensatamente as propostas apresentadas, e percecione, dentro do possível, a sua exequibilidade! Na maioria das vezes, é pura demagogia, porque não fundamentam quando e como irão executar e com que meios, as suas propostas! Abomine candidatos que manifestem atitudes de prepotência e sobranceria, porque, dificilmente convivem bem com a democracia, tornando-se uns déspotas! E, há ainda, alguns oportunistas: uns que mudam de ideário (vulgo: de camisola) e outros, hipócritas, que só conhecem as ‘gentes do povo’ durante a campanha eleitoral, para angariação de votos. Depois, ostracizam-nos como, aliás, o faziam antes! Outros ainda, abraçam à pressa o voluntariado, na maioria das vezes, sem competências técnicas, atitudinais e comportamentais para tal, apenas com o propósito de “arranjarem ou acrescentarem currículo” para se candidatarem a um cargo político autárquico. Esteja atento e seja exigente na escolha das pessoas que irão gerir os destinos das nossas cidades, vilas e aldeias, e não, porque fazem parte do partido A ou B. Não se deixe iludir pela retórica falaciosa! Todos temos consciência que a política caiu, há muito, no descrédito (culpa de todos nós, enquanto sociedade!), o que tem afastado muitos bons cidadãos, capacitados a todos os níveis, para prover cargos políticos. Por isso, e para reverter o atual “estado da política”, credibilizando-a, deve-se ‘exigir’: ética, honestidade, competência, conhecimentos, compromisso, escuta atenta dos munícipes e, proximidade, comunicação e informação assertiva e permanente aos seus concidadãos. Obrigado leitores pela disponibilidade!
AUGUSTO MOITA